quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Melipona (Michmelia) flavolineata Friese, 1900

 

(foto) Melípona flavolineata, da serra da Ibiapaba em Tianguá Ce , identificada pelo Laboratório de Bionomia, Biogeografia, e Sistemática de Insetos (BIOSIS), Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia: Professora, Dra. Favízia Freitas de Oliveira, e MSc. Ramom Lima Ramos.

Melipona (Michmelia) flavolineata Friese, 1900

 


Outros nomes : Melipona flavolineata Friese, 1900

                                           Melipona flavolineata nigritula Friese, 1903

Nomes populares:

                                              ira-açu ; 

                                              mehn-krak-krak-ti;

                                              ngài-kumrenx, pelos Kayapós

                                              uruçu-amarelo;



                           Melipona flavolineata:


A uruçu-amarelo (Melipona flavolineata Friese, 1900) é uma espécie de abelha

 da tribo Meliponini, de cor amarela, que é frequentemente criada no Norte/nordeste do Brasil,

 para a produção de mel e pólen. Abelhas Uruçu são conhecidas por serem abelhas grandes

 robustas e ótimas produtoras de mel. Uruçu é uma palavra que vem do tupi “eiru su”, que 

na linguagem indígena significa “abelha grande”. Portanto as operarias 

medem de 10mm a 12mm de comprimento.

                         Distribuição geográfica:

Melipona flavolineata, é encontrada nos estados  do Ceará, Maranhão, Pará, Tocantins, 

com registros também no Estado do Piauí.


                   Descrição da entrada da colônia:


Sua entrada é bem característica formando uma pequena plataforma com a borda recortada”. 

G. Venturieri. - onde num furo simples e sem raias, uma abelha fica de guarda na entrada, 

que geralmente só passa  uma abelha por vez. É construída com resina, cera, barro e

 sementes. 

 Ao perceberem perigo (arapuá e formiga) fecham a entrada com bolas de resina e 

não entram nem mesmo as abelhas da colônia que estão fora. 


                           Comportamento de trabalho:


     Observa-se o início dos trabalhos por volta das 05:00 horas da manhã. Em dias com boas

 condições climáticas, às vezes começam a movimentação até mesmo antes desse horário.

      Possuem ritmo acelerado de trabalho, sendo exímias coletoras de mel e pólen.

      Diminuem o ritmo de trabalho no intervalo entre 12:00 até as 15:30, dependendo do 

aumento da temperatura ou incidência de sol forte.


                         Características do ninho:


      O ninho é envolvido por um invólucro de cera e própolis com a finalidade de preservar a 

temperatura e manter aquecidos os discos de cria chegam a medir 16cm de diametro.

    Os discos de cria são empilhados um em cima do outro separados por pilares que deixam 

espaço suficiente para que as operárias possam fazer a limpeza e reparos necessários nos

 discos. Os discos são formados por várias células de cria que medem 1cm de altura 

por 0,5cm de comprimento cada uma.

Ao redor do ninho são construídos os potes de pólen e mel feitos de cera, que medem 

de 4,5cm a 5cm de altura por 1 a 3cm de diâmetro.

A população de um enxame varia de 3mil a 6mil abelhas. As abelhas Uruçu são abelhas

 muito mansas. Enxames fortes e populosos podem se tornar mais agressivos causando 

um pouco de receio em quem não conhece a espécie, mas dificilmente beliscam.


                                 Organização:


Operárias: As abelhas Uruçu operárias desempenham diversas funções no enxame de 

acordo com a sua idade. Primeiramente as abelhas mais novas que apresentam uma

 coloração mais clara ficam na região dos discos aquecendo as crias. Um pouco mais velhas

 elas começam a trabalhar na construção de células e na colocação de alimento larval. Com

 um pouco mais de tempo passam a trabalhar na construção de invólucro e potes de 

alimento. Quando chegam a fase adulta as operárias irão forragear, que significa, coletar 

néctar, pólen e água para a colmeia. Uma característica de abelhas uruçu é de que as

 operárias tem seus ovários desenvolvidos, o que significa que também podem fazer postura.

 Essa postura pode ocorrer antes ou depois da postura da rainha. Ovos de operárias postos

 antes da postura da rainha são comidos pela rainha. Ovos de operárias postos após a 

postura da rainha darão origem a Zangões. Isso acontece porque a larva de zangões se 

desenvolve mais rápido e se alimenta do ovo posto pela rainha.


Zangões: Os machos de abelhas uruçu realizam algumas tarefas dentro da colmeia

 como por exemplo a desidratação do néctar e aquecimento do enxame. Sua 

principal função é a fecundação da rainha virgem durante o vôo nupcial.


Rainha: Como as abelhas uruçu são do gênero Melipona, de cada 100 abelhas 

que nascem, de 12 a 30 são princesas virgens. Assim o enxame escolhe uma 

para se tornar a rainha e esta faz o voo nupcial para ser fecundada por um zangão.

. As demais princesas de abelhas uruçu são eliminadas da colmeia. Uma 

substância exalada pela cabeça da rainha de abelhas sem ferrão é o sinalizador 

para que outras abelhas entendam quem é a líder reprodutora. Na prática, essa marcação 

química funciona como a coroa real.

O processo foi estudado pelo pesquisador brasileiro Túlio Nunes, coordenado por Norberto 

Lopes, da Sociedade Brasileira de Química, que desvendou como a nova “chefe” do grupo 

se destaca e se impõe entre as demais.

Quando a operária entra em contato com a substância secretada pela rainha, é como se a 

rainha avisasse quimicamente “eu estou aqui”, e a operária passasse imediatamente a 

entender: “essa é a rainha, e eu a respeito”, explicou o pesquisador.

O enxame também decide o momento de fazer a troca da rainha por ela estar velha e 

fazendo pouca postura.


População:

 3mil a 5mil abelhas


Distância de forrageamento:

 2,5 km.


Tamanho de Caixa INPA: 

Ninho e sobre ninho 20x20x7. Melgueira 20x20x5. 

OBS: OBTIVE MELHORES RESULTADOS COM MEDIDAS 18X18X9


Distância entre colmeias: 

20 cm de distância


Produção de mel: 

2,5 a 4 litros por ano




                  Alimentação artificial com pólen:

 

Ingredientes:

500g de extrato de soja
500ml de xarope (água e açúcar, concentração de 50%)
caldo de 1 limão
50g de pólen natural proveniente das colônias de Uruçu-amarela (Melipona flavolineata). 

Não é recomendada a utilização de pólen ou mel de Apis mellifera (abelhas africanizadas) 

na formulação, pois podem transmitir doenças graves para as abelhas sem ferrão

Procedimento:

Misture o extrato de soja com o xarope até atingir a consistência de uma massa de bolo. 

Aqueça mexendo bem até começar a borbulhar e aguarde esfriar naturalmente. Em seguida,

 adicione o pólen natural e mantenha em temperatura ambiente.

A dieta irá fermentar por causa da ação dos microrganismos benéficos do próprio pólen

 natural. Mexa a mistura diariamente. O alimento estará pronto para uso após 15 dias. Pode

 ser mantido na geladeira por várias semanas e oferecido às abelhas gradativamente.


Estudo publicado na Journal of Apicultural Research mostra que as dietas artificiais podem 

ser uma ferramenta interessante para alimentar as abelhas em circunstâncias adversas. 

Mas também alerta que o pólen natural está longe de ser substituído. O melhor mesmo seria

 plantar mais árvores de diferentes espécies para fornecer alimento aos insetos o ano todo.

Um dos autores do estudo, o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (SP) Cristiano 

Menezes, defende que conhecer melhor as abelhas é importante porque existem períodos 

do ano em que elas não encontram flores para se alimentar, o que pode afetar a 

sobrevivência das colônias. O néctar, fonte de açúcares, é mais fácil substituir, basta 

oferecer uma solução aquosa de açúcar, conhecida como xarope. Porém, o pólen, fonte de

 proteínas, vitaminas, gorduras e minerais, é mais complexo e de difícil substituição, 

segundo explica o especialista.

Estudos prévios sobre dietas artificiais com o objetivo de substituir o pólen mostraram que 

dietas à base de extrato de soja possuem bom potencial. Porém, a composição química 

dessas dietas, bem como os seus efeitos na saúde das abelhas a longo prazo ainda não 

tinha sido investigado.

Por esse motivo, o objetivo do trabalho foi estudar uma dieta artificial para substituir o pólen. 

"Utilizamos como modelo experimental a Uruçu-amarela (Melipona flavolineata), uma 

importante abelha sem ferrão da Amazônia porque produz um dos méis mais apreciados do 

Brasil", conta Menezes. O estudo hoje na Embrapa Meio Ambiente foi iniciado na Embrapa

 Amazônia Oriental (PA) e contou com a colaboração de parceiros da Universidade Federal 

do Pará (UFPA) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).


Operária de Uruçu-amarela (Melipona flavolineata). Foto: Cristiano Menezes/Divulgação

O primeiro passo foi investigar a composição química do pólen natural e comparar com a 

composição da dieta artificial. Na segunda etapa, foi pesquisado o efeito dessa dieta na 

saúde das abelhas, tanto nos indivíduos, como no nível da colônia.

Os cientistas perceberam que o alimento artificial apresentou composição química bem 

diferente do natural. Ele é mais rico em carboidratos e lipídios, porém, mais pobre em 

proteína em comparação ao pólen natural.

Menezes conta que, apesar das diferentes composições, sua equipe não encontrou

 diferença na sobrevivência da cria que ingeriu a dieta artificial, nem no tamanho dos 

indivíduos produzidos. Na verdade, os indivíduos que ingeriram a dieta artificial durante a 

fase larval ficaram até maiores (cerca de 5%) que os que comeram o pólen natural.

 “O único parâmetro [da dieta artificial] em que encontramos efeito negativo foi a longevidade.

 As abelhas adultas alimentadas exclusivamente com a dieta artificial viveram 

em média nove dias a menos que as que ingeriram pólen natural”, relata o cientista.

Fonte: Da Redação, com informações da Embrapa


Fontes:

https://www.unifal-mg.edu.br/biologiadasocialidade/biologia-das-abelhas/

http://abelha.cria.org.br/search?Name=Melipona%20flavolineata

https://www.criarabelhas.com.br

https://abelha.org.br/

https://novorural.com/